Os acadêmicos dos cursos de Psicologia e Enfermagem da Fatec Ivaiporã participaram da aula magna de abertura do ano letivo, que teve como tema: “Autolesão na adolescência: da teoria à prática clínica”. O evento também marcou o lançamento do livro da professora Aline Matioli: “Dor e Desejo à Flor da Pele”, que faz parte do colegiado de docentes da faculdade. Ela foi uma das palestrantes do evento junto com o enfermeiro e psicólogo Bruno Rafael Rosa. A coordenadora do curso de Psicologia, Vanessa da Silva Gonçalves, cita que este é um tema muito importante e atual e os alunos de Psicologia encontram-se na fase de estágio. “É importante que saibam como proceder, encaminhar e atender e, por isso, trouxemos esta aula, para que tenham conhecimento dessa demanda”, cita Vanessa Gonçalves. A coordenadora de Enfermagem, Tatiane Borzuk, informou que, após a pandemia da Covid-19, os casos de autolesão que chegam aos hospitais e unidades de saúde aumentaram de forma considerável e, muitas vezes, o enfermeiro não está preparado para fazer o acolhimento da forma correta. As coordenadoras destacam a importância da união dos dois cursos, que são ligados à área de saúde, para trabalhar temas comuns às duas profissões, especialmente quando se pensa no atendimento da área hospitalar. “O professor Bruno, além de enfermeiro, também é psicólogo, formado pela Fatec, e trouxe para a palestra a visão da área da enfermagem, associada à experiência que tem como psicólogo que ajudará os alunos a entender como realizar o acolhimento do adolescente, assim como comunicar o fato aos familiares e quais condutas são necessárias para o encaminhamento” explica a professora Vanessa Gonçalves. Além da aula magna, os cursos de Psicologia e Enfermagem realizam, no dia 28 de março, no auditório da instituição, uma roda de conversa com diversos profissionais para abordar a questão dos direitos das mulheres.
Importância do acolhimento
A professora Aline Matioli comenta que a questão da autolesão na adolescência é um tema emergente e, nos últimos anos, tem sido mais comum entre os jovens e, por isso, os profissionais de saúde precisam ficar mais atentos a esse público para que o acolhimento seja feito da melhor maneira possível. “Quando o profissional se depara com um caso de autolesão em um hospital ou uma clínica, precisa entender que aquele paciente está passando por um sofrimento psíquico e deve ser acolhido pela rede de apoio, pelos profissionais de saúde, sociedade e família, e entender que aquela lesão pode estar associada a quadros mais graves, como depressão ou transtornos de personalidade”, explica a autora do livro. Para ela, o profissional de saúde não deve fazer julgamentos pejorativos ou tentar adivinhar o que levou o jovem a se auto lesionar. “O enfermeiro deve acolher esse paciente, cuidar da ferida de forma empática e seguir o protocolo que está determinado em uma lei específica, como acionar a rede de apoio”, salienta. O psicólogo também precisa notificar o setor de vigilância epidemiológica do município, mas informando que o paciente já conta com acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e que a família está ciente da situação”, relata.
Para o enfermeiro e psicó- logo Bruno Rosa, existe a dificuldade na formação da enfermagem de fazer o acolhimento de casos como este, da melhor forma possível. “Fico feliz que a Fatec trouxe esse tema para os alunos, pois o enfermeiro, muitas vezes, é treinado para outras habilidades, mas não para o acolhimento de situações de autolesão. Às vezes, esse comportamento é tratado pelo senso comum como frescura e precisamos conscientizar os profissionais que estão chegando ao mercado de trabalho que isso é um problema de saúde mental e precisa de uma atenção especial”, salienta.
O diretor acadêmico da Fatec, Ronielison Barbosa, comenta que o lançamento do livro da professora Aline é muito importante para fortalecer a produção acadêmica da Fatec e incentivar a pesquisa e a iniciação científica. No próximo mês, a Fatec vai abrir um edital para a pesquisa e o objetivo é incentivar alunos e professores a participarem de eventos internos e externos da faculdade. “A pesquisa é um dos tripés da educação, que começa a ter visibilidade e expansão no meio acadêmico pelos professores e alunos, e um incentivo para que possam ter pesquisadores”, salienta o diretor.