por Aldinei dos Passos Andreis
Na noite de quinta-feira, 26 de junho, a Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Ivaiporã promoveu a Mostra de Projetos Integradores (MOPI), que reuniu os trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos dos 16 cursos da instituição. Em 2025, a MOPI bateu recorde de participação, com 241 projetos inscritos e apresentados à comunidade acadêmica, professores, convidados e público externo. As atividades foram realizadas ao longo do primeiro semestre em Ivaiporã e cidades da região central do Paraná.
Ao final do evento, os três melhores projetos de cada curso foram premiados por uma comissão avaliadora. A coordenadora do Projeto Integrador, professora Patrícia Carvalho da Silva, destacou o impacto social como o principal objetivo da iniciativa.
“Desde o primeiro ano, os alunos são orientados a colocar o ser humano no centro do projeto. O primeiro passo é a empatia: desenvolver uma solução pensando na pessoa que será beneficiada. Essa abordagem tem promovido uma verdadeira transformação educacional, não só em Ivaiporã, mas em toda a região do Vale do Ivaí”, afirmou.
Ela também ressaltou a importância da conciliação entre teoria e prática. “Desde o início do curso, os alunos recebem ferramentas para aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Com o tempo, os projetos ganham mais robustez e abrangência”, explicou.
Para Patrícia, o ambiente acadêmico é um espaço privilegiado para o networking e o surgimento de ideias inovadoras. “É possível visualizar nichos de atuação, desenvolver produtos, fundar empresas e, principalmente, despertar a consciência social. Fiquei impressionada com a criatividade e a originalidade dos trabalhos apresentados”.
Integração e visão empreendedora
O diretor acadêmico da Fatec Ivaiporã, professor Ronielison Ferreira Barbosa, enfatizou a importância do evento como oportunidade de aplicar conhecimentos na prática, com impacto direto na comunidade.
“Tivemos um número recorde de projetos, inclusive com a participação do curso de Medicina. Muitos trabalhos apresentaram perfil empreendedor, com potencial para desenvolvimento de produtos e até registros de patentes”, destacou.
Segundo ele, a MOPI 2025 também foi marcada pela integração entre diferentes cursos, o que tem enriquecido os projetos e ampliado o impacto das ações da Fatec.
Coordenadores destacam inovação e atuação social
O professor Thiago Zanoni, coordenador dos cursos de Gestão de Recursos Humanos, Logística, Gestão Financeira, Gestão Comercial e Ciências Contábeis, reforçou o impacto direto dos projetos na sociedade e nas empresas. “Nossos alunos realizaram ações em praças, prestaram informações sobre impostos e tributos, e contribuíram com o desenvolvimento de empresas locais. Houve também uma importante aplicação de tecnologias, como a inteligência artificial, em soluções práticas para a comunidade”, comentou.
A professora Fabiane Santos Eisele Zílio, coordenadora do curso de Pedagogia, ressaltou a atuação dos estudantes em instituições de ensino e entidades assistenciais. “Os projetos envolveram musicalidade, ludicidade, tecnologia na educação, além de ações no Lar dos Idosos Santo Antônio e na Apac. Os alunos conseguiram colocar em prática os conhecimentos adquiridos e perceber o valor de contribuir com a sociedade”, disse.
Na área do agronegócio, a professora Silmara Pietrobelli, coordenadora dos cursos de Agronegócios e Agronomia, destacou os 27 projetos desenvolvidos pelos alunos. “Houve iniciativas como o plantio de hortas em escolas, estudos sobre o impacto climático na cultura do milho, cultivo de pitaya, e até produtos como repelente, pomadas e armações de óculos feitas de bambu. São exemplos de como o conhecimento técnico pode gerar impacto direto no cotidiano das pessoas”, observou.
A professora Tatiane Borzuk, coordenadora do curso de Enfermagem e docente do curso de Medicina, reforçou a relevância das intervenções sociais geradas pelos projetos. “Os alunos têm mostrado como podem fazer a diferença. Um dos destaques é o projeto Medicerto, que ajuda idosos a tomarem medicamentos corretamente. A ideia já está servindo de exemplo para outros municípios”, comentou. Tatiane também destacou a colaboração entre cursos, inclusive entre áreas distintas como Medicina, Agronomia e Psicologia.
Para a professora Layla Thamires de Oliveira, o projeto integrador transcende os limites de uma disciplina. “Essa é uma atividade que conecta todos os conhecimentos adquiridos ao longo do semestre. Os alunos enfrentam problemas reais e ajudam a transformar a realidade onde vivem”.
Projetos com propósito: impacto social e inovação
Um dos projetos mais inovadores da MOPI foi o desenvolvimento de armações de óculos feitas com bambu, idealizado por estudantes do curso de Agronegócios. A iniciativa ficou em primeiro lugar entre os projetos do curso. Carlos Roberto Bastiani, um dos idealizadores, explicou que o objetivo é tornar os óculos mais acessíveis a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
“A ideia surgiu da necessidade de usar um material ecológico, durável, moldável e com estética atrativa. Embora já existam protótipos semelhantes, nosso diferencial é a proposta de ceder a tecnologia para instituições que possam produzir e doar as armações gratuitamente à população carente”, explicou.
Além de Carlos, o grupo é formado por Anderson Wagner de Souza, Brenda Cândida Miguel, Gabriele Santiago Garcia e Jonathan Rafael Sene.
Outro destaque foi a horta comunitária criada por estudantes de Medicina na Unidade Básica de Saúde do distrito de Alto Porã, em Ivaiporã. A iniciativa, que conta com apoio da Prefeitura e da comunidade, inclui uma horta suspensa cultivada por idosos, além de canteiros e pomar mantidos por crianças.
“Estamos fazendo parcerias com os cursos de Agronomia, Fisioterapia, Enfermagem, Psicologia, entre outros. O foco é promover saúde física e mental aos pacientes da UBS”, afirmou a estudante Giovana dos Passos.
